O Instituto Politécnico de Castelo Branco realiza no dia 3 de junho, pelas 18:00 horas, a Conferência "Intestino: Um Segundo Cérebro", que contará com a presença da Dra. Irina Matveikova”, médica endocrinologista, e do Dr. Eduardo Pereira, médico gastrenterologista. A forma como entendemos e percecionamos o funcionamento do sistema digestivo é um dos temas da Medicina atual, com claras implicações na saúde global de cada pessoa, quer esteja saudável ou potencialmente doente. Apesar da perceção generalizada dessa realidade, têm sido insuficientes ou marginais atitudes convictas e científicas que divulguem conceitos sobre a existência de um “cérebro intestinal”, o papel da microbiota na saúde humana ou sobre a importância da interação mente-corpo (brain-gut). Com a publicação do livro “Second Brain” em 1998, Michael Gershon – professor e diretor do Departamento de Anatomia e Biologia Celular da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque - defendeu a existência de uma clara interação entre perturbações psicosociais e as disfunções do sistema digestivo. Nascia, desta forma, um novo conceito e uma ciência médica de abordagem biopsicosocial conhecida como Neurogastrenterologia. A sua especificidade tem como facto central a existência morfológica e funcional de um Sistema Nervoso Entérico (SNE), constituído por um verdadeiro cérebro “segundo cérebro” constituído por mais de cem milhões de neurónios que se organizam numa dupla rede em toda a parede digestiva. Este cérebro “desenrolado” que se encontra dentro do abdómen, tem volume superior ao da medula espinhal e representa uma enorme “fábrica” de produção e armazenamento de substâncias químicas hormonais e neurotransmissoras essenciais à comunicação intercelular. Pôde mesmo constatar-se que os neurónios do SNE e também estas substâncias são especialmente semelhantes às do cérebro central – encéfalo, sendo este compacto e bem protegido numa cavidade óssea. Entre os neurotransmissores que existem em comum nos dois cérebros destacam-se a acetilcolina, dopamina e serotonina, substâncias que regulam a nossa energia, bem-estar emocional e psicológico tal como os necessários estados de alerta. Representam mesmo as “palavras” de um idioma neural integrado e intuitivo. No caso da serotonina (a famosa hormona da felicidade e do bem-estar físico/emocional) está confirmado que a sua produção, armazenamento e secreção, ocorre essencialmente no intestino (90%). Aí regula os movimentos intestinais e a complexa comunicação intercelular entre o SNE e central, tal como a sua interação com o sistema nervoso autónomo. Podemos, pois, deduzir que o sistema digestivo será muito mais do que um local de digestão e absorção de nutrientes, mas deve ser considerado o principal sistema orgânico onde ocorre o primordial da homeostasia emocional e metabólica. Não menos importante, constitui uma plataforma orgânica de relação imunológica /genética com o meio exterior, tendo em conta as características do conteúdo intestinal e a coexistência da volumosa microbiota (1,5 Kg de bactérias) e 70% da imunidade do organismo humano. É sobre este tema que poderemos assistir à conferência da Dra. Irina Matveikova, especialista em Endocrinologia e Nutrição Clínica, membro da Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (SEEN) e da Sociedade Europeia de Neurogastrenterologia (ESNM). Autora das publicações “O Intestino FELIZ” (2015) e “Inteligencia digestiva para niños” editados pela “esfera dos livros” que estarão em divulgação e será possível adquirir na sua presença. Organizada no âmbito da iniciativa “Conferências do Politécnico”, esta conferência realiza-se no Auditório Comenius dos Serviços Centrais e da Presidência do IPCB, sendo a participação gratuita e aberta a toda a comunidade.

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