O 1.º Encontro Internacional de Neurotecnologias: Métodos e Aplicações decorreu a 14 de novembro, no Centro de Empresas Inovadoras em Castelo Branco, e contou com a presença de 2 empresas, 2 Centros Tecnológicos e 5 instituições de ensino superior, responsáveis pelas palestras e workshops, apresentadas aos mais de 200 participantes.
A organização esteve a cargo das empresas BrainAnswer (Portugal) e g.Tec (Áustria), contou com a colaboração do Instituto Politécnico de Castelo Branco, da Câmara Municipal de Castelo Branco e do Centro de Empresas Inovadoras de Castelo Branco e ainda de outras instituições, que de imediato se associaram com o intuito de dar a conhecer os recentes avanços nas neurotecnologias e suas aplicações práticas.
João Valente, docente do IPCB responsável pelo encontro, manifesta o seu profundo agradecimento a todos os participantes que se deslocaram a Castelo Branco. No decorrer da primeira mesa “Métodos e Neurotecnologias”, moderada por Abel Gomes (Universidade da Beira Interior) e com a participação de Telmo Pereira (Instituto Politécnico de Coimbra), foi realçada a necessidade de um bom conhecimento técnico para a correta colocação e utilização de equipamentos  de monotorização de biosinais nos participantes, estando diretamente ligado ao sucesso ou insucesso de um bom diagnóstico;  Hugo Silva (Instituto de Telecomunicações do Instituto Superior Técnico) apresentou uma visão da aplicação da inteligência artificial no tratamento e pesquisa de padrões  nos “Gigas” de informação que estes sensores podem produzir, tornando-se por vezes impossíveis de serem tratados sem recurso a algoritmos; Asier Salazar (Universidade do País Basco) falou da investigação  que está a desenvolver na pesquisa das alterações dos sinais fisiológicos em situações de stress e como encontrar algoritmos  de suporte à identificação destes estados; Francisco Fernandes (g.Tec) apresentou os equipamentos tecnológicos que a empresa dispõe na área das neurotecnologias aplicadas à clínica, sem deixar de referir os 2 excelentes workshops com demonstração prática: um sobre o RecoveriX, desenvolvido para a reabilitação motora após AVC, e Brain Computer Interface, exemplificando como se pode escrever utilizando apenas o cérebro; Francisco Rebelo (Faculdade de Arquitetura de Lisboa) apresentou o trabalho que tem desenvolvido no laboratório ErgoVR, onde a Realidade Virtual é utilizada para criar ambientes imersivos de tal forma envolvente que, por vezes, os participantes confundem o virtual com a realidade, tornando estes meios adequados para o estudo de situações reais em contexto virtual, sendo desta forma, criados os meios adequados ao estudo das emoções e comportamento humano, terminado esta mesa com uma acesa interação entre o público, essencialmente constituídos por estudantes, onde é de realçar o grande interesse que os mesmos manifestam pelas neurotecnologias.
A segunda mesa, intitulada “Aplicações da Plataforma BrainAnswer”, foi moderada por Nuno Cordeiro (Instituto Politécnico de Castelo Branco) e teve início com a intervenção de João Valente, responsável pelo projeto BrainAnswer, que apresentou vários estudos feitos com a plataforma em diferentes áreas de conhecimento e como esta está cada vez mais a ser adotada por universidades, empresas e centros de investigação nos estudos envolvendo emoções, comportamento humano e usabilidade; Christophe Espírito Santo (Centro Tecnológico Agro-Alimentar, CATAA) trouxe o exemplo da aplicação da plataforma Brainanswer à sala neurosensorial do CATAA onde, desde abril de 2019, já é utilizada principalmente na aplicação das folhas de prova, estando-se neste momento a proceder à segunda fase de instalação dos equipamentos neurotecnológicos. Realçou também que todo este processo traz vantagens inegáveis para o centro, sendo este processo de inovação inserido no Projeto Mobfood, que envolve a nível nacional mais de 50 empresas e instituições; Cláudia Costa (Universidade Católica de Lisboa) abordou o tema do neuromarketing e o grande interesse que as empresas têm, representando uma grande oportunidade para o teste de novos produtos, sem deixar de alertar para as questões éticas que estas tecnologias podem levantar; Hugo Almeida (Universidade de Aveiro) realçou como a plataforma representa uma grande oportunidade no estudo do comportamento do consumidor, não só pela facilidade de criação de protocolos mas também pela capacidade que disponibiliza na recolha de dados expansível internacionalmente;  Ernesto Vilar (Universidade da Beira Interior) apresentou um exemplo da aplicação da BrainAnswer ao Game Design e Emoções, onde está a ser concluída uma tese de mestrado sob a sua orientação e de João Valente, onde é explorado o biofeedback emocional na alteração de parâmetros de videojogos.
João Valente acredita que futuramente esta abordagem poderá vir a ser utilizada no ensino personalizado adaptado ao ritmo de cada indivíduo, pois a passagem a novos níveis de conhecimento será balanceada entre o conhecimento adquirido e o controlo do stress no momento da aprendizagem.
É unanime a opinião que o 1.º Encontro Internacional de Neurotecnologias foi um sucesso e todos esperam ver esta iniciativa ser continuada.  

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