As doenças cerebrocardiovasculares são as que mais matam em todo o Mundo e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a primeira causa de morte e de incapacidade em Portugal.
No âmbito das comemorações do Dia Mundial do AVC, assinalado no dia 29 de outubro, a Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias do IPCB, desenvolveu duas iniciativas que pretenderam alertar para esta problemática. As doenças arteriais cerebrovasculares e periféricas e as graves consequências, negativas e diretas para o cidadão, para a sociedade e sistema de saúde, obriga a que estas sejam encaradas como um dos mais importantes problemas de saúde pública em Portugal.
As atividades tiveram como foco a prevenção, promoção e rastreio da pressão arterial bem como da patologia carotídea e a formação e partilha de saberes e experiências clínicas na gestão e intervenção no AVC.
Assim, foram realizados rastreios por uma equipa formada por docentes e alunos da licenciatura em Fisiologia Clínica da ESALD, baseados na realização de exames de diagnóstico – Triplex Scan Cervical, avaliação da pressão arterial, ensino dos sinais de alarme de AVC, promoção de saúde – ensino de estilos de vida saudáveis. Este ano foi possível realizar junto da comunidade o rastreio de 32 indivíduos (20 sexo feminino e 12 do sexo masculino), com idade média de 55 anos (min. 30 anos, máx. 82anos), tendo-se verificado que na comunidade onde nos inserimos a prevalência de fatores de risco é elevada,  com 18 indivíduos com valores alterados da pressão arterial (apenas 9 com conhecimento, destacando-se 7 com HTA Grau I e 2 Grau II), 15 com hipercolesterolemia, 3 diabéticos e 6 fumadores destacando-se ainda 16 com excesso de peso.
Quanto ao exame realizado para avaliação da patologia da carótida - Triplex Scan Cervical, documentou-se a presença de alterações em 10 participantes (1 com marcada infiltração ateromatosa, 6 com presença de placas de ateroma, 1 com estenose 30-40% e STENT contra-lateral e um indivíduo com estenose maior que 50%).
Relativamente à promoção de saúde, dos 32 participantes, apenas metade conseguiu identificar corretamente os sinais de alarme de AVC (assimetria da face, dificuldade em falar e diminuição da força).
No final do dia e após a intervenção na comunidade, a ESALD abriu as portas ao conhecimento, com a apresentação de um painel de Casos Clínicos com AVC, envolvendo as perspetivas das diferentes áreas: Ciências Biomédicas Laboratoriais, Enfermagem, Fisiologia Clínica, Fisioterapia e Imagem Médica e Radioterapia. Estiveram presentes nesta sessão 137 pessoas (professores, profissionais e alunos).
A dimensão individual, social e clínica do AVC em Portugal é um novo paradigma e deve ser olhado e orientado para a educação / prevenção e para a criação de respostas que assegurem um acesso mais facilitado aos meios existentes e com uma plena utilização dos recursos existentes na comunidade. Nesse sentido, a ESALD continua a desenvolver os seus esforços na formação e na disponibilização dos seus profissionais e meios na região.
A intervenção no doente com AVC é claramente multidisciplinar, cada doente é um indivíduo com características, dificuldades, sistemas de apoio e forma de reagir à patologia completamente diferentes. Cada doente merece ser olhado intrinsecamente e essa particularidade não deveria condicionar o seu acesso à recuperação.

Partilhe